Coimbra: Câmara atribui nome de Álvaro Cunhal a rua da cidade
O nome de Álvaro Cunhal, líder histórico do PCP falecido em 2005, vai integrar a toponímia de Coimbra, no dia 10 de Novembro, através de uma cerimónia com a presença do secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa.
Numa nota divulgada hoje pelo vereador da Cultura, Mário Nunes, a Câmara Municipal presidida pelo social-democrata Carlos Encarnação afirma que o percurso de vida de Cunhal, natural da cidade, evidenciou-se «não apenas pelo contributo dado ao PCP», mas ainda «pelas facetas de artista plástico e escritor, sob o pseudónimo de Manuel Tiago».
O antigo dirigente comunista nasceu na freguesia da Sé Nova, em Coimbra, a 10 de Novembro de 1913, e morreu em Lisboa, em 13 de Junho de 2005.
A atribuição do novo topónimo foi aprovada em reunião da Comissão de Toponímia, em 17 de Janeiro, e ratificada um mês mais tarde, a 19 de Fevereiro, pelo executivo municipal presidido pelo social-democrata Carlos Encarnação, que integra eleitos PSD, PS, CDS e CDU.
Trata-se, segundo a autarquia, de uma «homenagem ao político que se evidenciou» enquanto ministro sem pasta, no I, II, III e IV Governos Provisórios e como deputado à Assembleia Constituinte e Assembleia da República, até 1992, altura em que abandonou o cargo de secretário-geral do PCP e assumiu as funções de presidente do recém-criado conselho nacional do partido.
«É uma honra para o PCP ter o nome de Álvaro Cunhal numa cidade tão importante. Fico contente como militante do partido e como cidadão de Coimbra», declarou à agência Lusa Jorge Gouveia Monteiro, vereador da CDU.
Gouveia Monteiro frisou, por outro lado, que «é uma honra para a cidade» ter o nome de Álvaro Barreirinhas Cunhal na toponímia local, passando a designar uma rua do Alto dos Barreiros, na freguesia de Santa Clara.
O arruamento tem acesso pela antiga estrada de Lisboa, junto à urbanização Valverde, local da concentração para a homenagem, no dia 10, às 11:00, e desenvolve-se para Sul e para Norte, sendo ainda possível lá chegar a partir da rua de Nossa Senhora das Vitórias.
Além da intervenção de Jerónimo de Sousa, a cerimónia inclui um momento de poesia, a cargo de Joaquim Basílio e de actores que integram a cooperativa teatral Bonifrates.
A infância de Álvaro Cunhal foi vivida em Seia, terra do pai, o pintor Avelino Cunhal. Aos 11 anos, foi residir com a família para Lisboa e aos 17 ingressou na Faculdade de Direito da capital.
Filiou-se então no PCP e fez parte da Liga dos Amigos da URSS e do Socorro Vermelho Internacional.
Em 1935, entrou na clandestinidade, participando no IV Congresso Nacional Juvenil Comunista em Moscovo.
Um ano depois, entrou para o comité central do partido, que o enviou em 1936 para Espanha, onde viveu os primeiros cinco meses de guerra civil.
Preso pela primeira vez em 1937, foi libertado um ano depois. Na década de 30, colaborou em vários jornais e revistas, entre os quais «O Sol Nascente», «O Diabo», «Seara Nova», «Vértice» e publicações clandestinas do PCP, «Avante!» e «O Militante», onde escreveu artigos de intervenção política e ideológica.
Em 1940, novamente preso, fez o exame final na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, sob escolta policial.
Em 1960, conseguiu evadir-se do forte de Peniche, vivendo depois na clandestinidade em Portugal, Rússia e França, até ao 25 de Abril de 1974, regressando a Portugal a 30 de Abril.
Além de resistente e dirigente comunista, foi pintor e escritor, tendo publicado os livros «O Partido Com Paredes de Vidro», «Estrela de Seis Pontas», «Até Amanhã, Camaradas», «Cinco Dias, Cinco Noites» e «A Casa de Eulália».
