Game City - Portalegre

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Corsario-Negro
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Game City - Portalegre

Mensagem por Corsario-Negro »

http://dn.sapo.pt/2006/04/17/economia/p ... o_jog.html

Onde hoje existe uma herdade agrícola em pleno Alentejo vai nascer o primeiro pólo português de criação de jogos electrónicos. O projecto, da autoria da Associação de Produtores de Jogos Electrónicos (Aproje), já está em campo e a primeira fase vai arrancar em Junho, com a implementação de duas empresas da área na cidade eleita para acolher a Game City - Portalegre.

A Game City é o último passo de uma caminhada planeada a duas fases, explica ao DN Paulo Gomes, presidente da Aproje. Será uma zona situada no distrito de Portalegre com uma área de 400 hectares (equivalente a uma cidade como o Porto), onde vão ser criadas infra- -estruturas para receber empresas nacionais e internacionais na área da criação e produção de jogos electrónicos. No mesmo local, além de empreendimentos turísticos, vai nascer o Game Park, o primeiro parque de diversões inteiramente dedicado aos jogos electrónicos, onde os ambientes de realidade virtual serão a grande aposta.

Todo o processo está em fase de implementação. Até Junho vai ser criada a Game Invest, que tem a seu cargo coordenar a criação da Game City, ao mesmo tempo que funciona como fundo de investimento/incubadora para apoiar o nascimento de iniciativas na área da criação de videojogos, através da disponibilização de serviços de project management, marketing e controlo de qualidade. A empresa, que reuniu um capital inicial de 2,5 milhões de euros, terá como accionistas a Aproje (1%), dois fundos de capital de risco, empresários de Portalegre (30%) e vários investidores nacionais do sector (19%). Entretanto, desde o início do ano que têm ocorrido várias apresentações junto de outros possíveis investidores.

Até 2008, a Game Invest pretende apoiar entre oito e dez projectos de criação de jogos electrónicos num segmento mais baixo (e mais barato), funcionando como intermediária entre as empresas criativas e os distribuidores internacionais. Em Junho, a incubadora recebe as primeiras duas empresas, estando prevista a chegada de mais duas em Setembro. Para já, as instalações provisórias da Game Invest situam-se no edifício da antiga Câmara de Portalegre, cedida à Aproje por um período de 10 anos.

A mudança para a Game City deve ocorrer em 2009, altura prevista da implementação das primeiras empresas e casas. Esse é o ano do arranque da construção do Game Park, que deve abrir portas em 2010, com cerca de 20 títulos (jogos) como atracções. Nesta data, a Game Invest planeia realizar um aumento de capital para os 25 milhões de euros, arrancando para a segunda fase do projecto: o apoio à criação de jogos de primeira linha.

Com este projecto, a Aproje pretende também trazer massa cinzenta internacional para Portugal. Segundo a associação, cada projecto irá obrigar à contratação de especialistas internacionais que já tenham trabalhado títulos no tipo de jogo em causa.

Por outro lado, a Game City quer aproveitar a capacidade nacional, explica Paulo Gomes. Estão a ser preparadas várias parcerias com instituições de ensino superior, sendo que já no próximo ano lectivo o Instituto Politécnico de Portalegre vai avançar com uma licenciatura em multimedia e software de entretenimento. Tudo para que Portugal recupere o atraso nesta área.
O que eu já disse e ando a dizer há alguns anos para fazerem aqui em Coimbra mas mais abrangente (todo o tipo de TI), vão agora fazer em Portalegre.

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Pedro
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Mensagem por Pedro »

Uma das palestras da PACEE foi efectuada pelo presidente da APROJE, apresentando este projecto. No geral, parece-me uma boa ideia e algo do género deveria ter sido feito em Coimbra. No entanto, encontrei umas 3 ou 4 falhas que me parecem importantes e deveriam ser corrigidas.

Em primeiro, não gostei do modo de funcionamento dos investimentos. Embora sejam financiados os gastos, este financiamento apenas ocorre numa base mensal, sendo o estado do projecto revisto mês a mês por um elemento externo. Caso esteja atrasado, o jogo pode ser retirado dos seus criadores e entregue a outra equipa para o completar. Se eu tivesse uma ideia fantástica para um jogo, nunca iria correr este risco.

Também não me sinto confortável com o facto de ser a GameInvest a deter todos os direitos sobre o jogo até o investimento estar pago, assim como não gostei de saber que eles podem obrigar os criadores a mudar o conceito do seu jogo sob risco de recusar o investimento (já trabalhei na indústria de jogos tempo suficiente para deparar-me com vários casos em que, quando um elemento externo tenta impôr mudanças destas, geralmente sai asneira).

Outro aspecto que penso que eles precisam de rever é o valor a investir em cada jogo. Na apresentação, foi dito que tinham um fundo de 2.5 milhões de euros para investir em 8 a 10 jogos. O valor pareceu-me exagerado... mas ao ver as estimativas deles, fiquei com a certeza que falta mais algum trabalho de campo. Por exemplo, para um jogo de telemóvel single player profissional, colocaram um orçamento de 100 mil euros e 3 a 6 meses... para uma equipa competente, 100 mil euros e 3 a 6 meses dá para fazer uns 5 jogos, pelo menos. Enquanto isto não for corrigido, penso que há o risco de irem desperdiçar o dinheiro, o que poderá vir a dificultar a obtenção de financiamento no futuro por criadores de jogos.

Para terminar, a ideia de ir obrigatoriamente buscar elementos estrangeiros não me parece muito boa. Embora não sejam muitos, há vários elementos portugueses a trabalhar ou que já trabalharam em empresas de topo e que poderiam perfeitamente ser "recrutados" para esta situação. Eu não vejo qualquer problema em ir buscar também pessoal estrangeiro (até porque já trabalhei numa empresa em que raramente havia duas pessoas da mesma nacionalidade numa equipa de projecto), mas transformar isso numa obrigação parece-me desnecessário.

Resumindo... é uma boa ideia e faz falta, mas precisam de corrigir algumas falhas para ser verdadeiramente útil.

Quanto a uma estrutura idêntica em Coimbra, o custo seria bastante elevado, face à actual especulação imobiliária. Basta ver que, em Portalegre, a Câmara consegue disponibilizar terrenos a 5 euros o metro quadrado para quem quiser investir numa empresa no concelho. Não estou a ver isso acontecer em Coimbra...