Também é pena que nalgumas coisas o Código não seja explicito e com estas reformulações há muitas dúvidas e falta de respostas. Nós também andamos às aranhas em muitos aspectos...
Quanto ao uso do traje só mais em épocas festivas... acho que mesmo assim aqui em Coimbra ainda se usa o traje noutras ocasiões, como por exemplo em cerimónias académicas. No Inverno quando chove a potes também não dá muito jeito... não sei como é quanto ao uso de chapeu de chuva, não sei se é permitido.
No 1º dia de aulas do 2º semestre vou trajada!
A coitada da minha capa já não sai do roupeiro há algum tempo, tem que se arejar.
Mas não percebo: Dão tanto dinheiro por uma capa e uma batina (e as lojas bem que abusam nos preços - qualquer dia temos capa e batina com sensores de medição de alcool que nao deixam beber mais ou assim), mas depois usam para a latada, queima e mais nada.
Isto não é praxe, é hipocrisia. Porque cumprem pouco, desrespeitam a maior parte, e orgulham-se de usar capa e batina (quando se orgulham). Coimbra, infelizmente (e falo só de Coimbra, que é o que conheço), está cheia de pseudo-praxistas, que não cumprem minimamente aquilo a que se sujeitaram, sem ninguém que os faça cumprir devidamente as regras que estão nos códigos.
Aqui na ESEC, a praxe é mandar uns berros, meter-nos (falo enquanto caloiro) de quatro, pintar a cara, e tá a praxe toda bonita, toda feitinha. O resto do ano nem querem saber. Depois chega a queima, "alto lá!", é altura de trajar.
DrUnKFiSh Escreveu:enfim.....nos dias de hoje certas pessoas não sabem o espirito académico de que é beber um copo de traçadinho no Pinto ...não sabem dar valor a isso
A última vez que lá fui estava à pinha e volta e meia lá vinham mais uns garrafões para o precioso líquido... também já bebi um bom na antiga Tia Arminda...
mistertes Escreveu:Os alunos em Coimbra 'trajam-se' bem? lol
Primeiro, na minha opinião, o CÓDIGO devia ser lido por cada aluno, especialmente para terem uma noção mínima do mesmo.
Segundo, em Coimbra não se Traja, em Coimbra veste-se uma roupa 'fixe', que é 'cool' usar de vez em quando, especialmente quando se passa junto a alunos do secundário, para se mostrar que se é aluno universitário, roupa que é MODA nos primeiros dias de aula, na latada e na queima. Não há sentimento nenhum, eu quando 'trajo' sinto-me honrado, tal como quando um jogador veste a camisola da Selecção Nacional. Claro que não me refiro a TODOS os alunos, mas seguramente à sua maioria.
Terceiro, repetindo-me um bocado, usar Capa e Batina é 'fixe', especialmente se tivermos uns óculos de sol todos bacanos, ou se tivermos a capa cheia de Emblemazinhos porreiros, quando dobramos a capa toda direitinha e a pomos ao ombro ou dobrada no braço a mostrar os símbolozinhos da terra, do curso, da tia e da avó. É 'fixe' andar de um lado para o outro, TRAJADO mas sem Capa nem Batina, qual empregado de mesa, de camisa branca e colete. É 'fixe' encontrar uma rapariga e por-lhe a capa sobre os ombros, ou agarrala entre nós e a capa.
Quarto, Trajar em Coimbra é percorrer de noite as ruas da baixa com garrafas de cerveja na mão, sem respeitar as passoas que se levantam ás 6 da manhã, é 'secar' na Serenata Monumental, sem vontade mas por estar lá toda a gente, é ir para o parque e sair de lá a cantar 'My dream is to find a Madeleine alive'. É pegar no telemóvel e meter fotos no hi5 e vídeos no youtube.
E aqui ficava horas a acrescentar coisas. Se me purguntarem, tenho Pena de não ter vivido 'Coimbra' noutro tempo, pelo menos o que respeita à vida académica, tenho Pena da milhares de alunos que não percebem o que fazem. E acredito que Coimbra daqui a uns anos vai ser Coimbra sem Praxe, sem Academia, para essa geração vai ser melhor, pelo não vão viver segundo esta 'ilusão' e este negócio que é a vida académica para a maioria dos alunos.
Considero esta análise bastante lúcida, o que não é vulgar.
Tenho vindo a ler muita coisa que se vai escrevendo, e debato-me com falta de conhecimento ou comentários descabidos.
As praxes não são uma novidade Portuguesa. Fazer algo segundo segundo determinadas regras a um grupo pratica-se em todos os Continentes. O que distingue a praxe Portuguesa, e especificamente a de Coimbra das práticas de outros países, é que esse conjunto de regras foi formulado sobre práticas culturais e tradições da Cidade e dos Estudantes que nela habitavam.
Serenatas, estudantes com traje, Canção de Coimbra...não foi algo que emergiu porque se estabeleceu que iria existir praxe. A praxe veio organizar, instituir regras de conduta assentes naquilo que fazia parte da cultura e da vida de Coimbra. Aliás, os comportamentos ritualizados noutros séculos em Coimbra eram violentos e é justo que decresçam. Hoje adopta-se o conceito de integração.
Não é necessário que a praxe seja diária, intensa, para que esta cidade seja uma cidade de tradições. a Tradição de Coimbra é a tradição da sua história, da sua cultura e é nisto que ela se diferencia de todo o resto do país.
Não se começou a usar o traje sistematicamente por se achar bonito, mas porque lhe encontraram uma simbologia própria que tem que ver com a história da cidade, com a sua cultura, com a sua identidade...
O que em tempos foi uma obrigatoriedade, com a implantação da república deixou de o ser (utilização de traje, até se poderia dizer uniforme). Contudo, os estudantes entenderam preservar algo que estava impregnado na história da Universidade de Coimbra e dar-lhe novos sentidos na sua utilidade.
Usar trajes noutros sítios do país não têm fundamentação nem história própria. Isto não é novidade. Usa-se porque começaram a gostar do impacto que tinha em Coimbra. Esse comportamento foi consolidando-se ao longo de décadas, até que se chega ao ponto actual em que se chama a isso tradição. Mas a tradição neste sentido assenta em reprodução, não assenta em práticas que caracterizam a identidade dessas cidades.
P.S. (O samba também já é uma tradição da Mealhada, porque se faz há imensos anos,se formos utilizar o termo tradição neste sentido. Qualquer dia é tão da Mealhada como o é carioca. Não desfazendo o carnaval da Mealhada, que é engraçado e as pessoas devem fazer aquilo de que gostam, parece ser uma analogia óbvia que ridiculariza muitas das coisas que por aí se vão dizendo quanto à tradição académica).
O traje está cheio de simbologia, que deve ser transmitida a todos os estudantes de Coimbra. O preto deverá sobrepor-se ao resto. Afinal, como já disse, o traje não deve ser algo que se acha giro, e que se deve enfeitar. Deve ser símbolo de história, da história de Coimbra e da sua Universidade. Pensar-se-á, então, na sequência deste pressuposto, no código de praxe que rege a sua utilização, e que deverá procurar manter presente a sua história.
Deverá ficar à responsabilidade de todos os que estudam em Coimbra, a elucidação destes valores e da História desconhecida pela maioria. Desta história faz igualmente parte a Canção de Coimbra, que muito cresceu com os estudantes que se envolviam a fundo na cultura da cidade.
Sim, porque a Canção de Coimbra não nasceu de repente no meio de estudantes. As suas raízes são encontradas em séculos de história da cidade. Foi evoluindo e ganhando cada vez mais a forma actual, na voz de quem para lá ia estudar.
Isto será o motivo de orgulho maior de quem estuda em Coimbra. A sua Canção e o Traje, tão enraizados na cidade. As praxes são regulamentações, e as praxes devem ajudar na preservação da história da cidade, com práticas alusivas ao seu passado.
Isto sim é Tradição, a reprodução da sua própria cultura e Identidade
Desculpem mais um apontamento, só para reforçar o que acima escrevi ;
Em Coimbra não têm que ser exemplo para outros sítios em termos de praxe, vendo a sua Tradição constantemente reduzida a um conjunto de práticas que têm como única diferença com outras cidades, o facto de se terem iniciado antes...A tradição de Coimbra não nasceu destituída de enquadramento. Coimbra não se iniciou apenas antes. Coimbra iniciou-se em algo relacionado consigo, e que despertou o interesse de outros.
Coimbra tem que ser um exemplo para si mesma na continuidade de tradições que são a sua história, apesar das pequenas mudanças que vão surgindo com o passar dos anos. O essencial mantém-se e é nosso.
Vestir o traje e divulgar a Canção de Coimbra, é manter viva a sua identidade.
Ler mais sobre todos estes temas e sobre a história da própria cidade, é contribuir para a diminuição da ignorância que habita em Portugal em relação ao que é a Tradição Académica de Coimbra, e porque apenas se pode referir Tradição Académica (sob os módulos que se pratica) em Coimbra.
Seguramente um dia, não muito longe espero, em que a Universidade de Coimbra, a Canção, o traje e as tradições se tornem Património da Unesco, muita gente fique elucidada e se deixe de reproduzir a ignorância e fazer comentários despropositados.
Não quero com isto inferiorizar o que se cultiva em todas as Academias do país. Apenas relembrar memórias esquecidas e dizer que as coisas jamais poderão ser vistas sob a mesma óptica.
Esta geração de hoje tem tendência a acabar com tudo o que seja tradição. Como já aqui foi dito fazem as coisas porque acham "fixe" ou porque toda a gente faz, não têm qualquer espirito académico, alias não têm espirito para nada.
Talvez a culpa seja também dos mais velhos que cada vez parecem dar menos valor às tradições e ao espirito academico, não incentivam os caloiros a terem valores académicos.
Tenho pena desta geração de agora que não se importa com mais nada a não ser beber e levar companhia para a cama, falo isto porque infelizmente sou obrigada a conviver com esse tipo de pessoas todos os dias e não me integro de maneira nenhuma com esses grupos. A Queima, por exemplo, esta cada vez mais a deixar de ser uma festa académica, começa a ser uma festa do "povo" onde os objectivos passam por tudo menos por aproveitar o espirito que começa a ser inexistente. Infelizmente vejo que nada disto vai melhorar, só vai piorar cada vez mais e mais, e ninguém se importa com isso nem tenta fazer nada para mudar ou melhorar as coisas, e os poucos que tentam são gozados por tentarem.
Isto está a caminhar para um buraco sem fundo, e duvido muito que haja algum caminho de volta.
Na minha opinião, sim existem alguns ou até muitos abusos no que respeita à vida académica em Coimbra...até porque esta geração não é igual à que fundou a praxe... No entanto, acredito com convicção que o espírito académico não morreu e que ainda muitos de nós trajam com orgulho, ouvem as serenatas com emoção e ajudam o próximo com toda a solidariedade de outros tempos!
Não nos deixemos levar por criticas que não resolvem nada...Tentemos "ser" coimbra e viver a tradição e todo o seu esplendor, levando os que se comportam menos bem a seguir os nossos passos se assim o desejarem.
Também apreciava mais a vida dos estudantes mais lá atras no tempo. Sinceramente concordo com alguns dos meus colegas aqui do fórum, hoje em dia é so pessoal a caír de bebado, e isso é algo com que nõa me identifico... Mas estou a ver que sempre há umas excepções.
Concordo também com a Nika... o pessoal, a maioria, interessa-se por aquilo que a maioria é e já n segue os seus valores próprios ou a sua personalidade... E isso é terrível!
pois....
e isso são más notícia entrei este ano em Coimbra em engenharia informática... mas já algum tempo que me apercebi de que algo está terrivelmente errado em Coimbra....
Há já dois ou três anos que vou à Queima e não encontro a Coimbra de que as minhas tias falam com orgulho, emoção e saudade....
E se alguém de fora como eu, repara nisso, então algo está mesmo errado....
A Queima já não é o que era, agora é como se fosse um festival...
Quanto às praxes, reparei hoje que existe algum desleixo e incumprimento do código da praxe por parte dos que andam a praxar...
Por exemplo, hoje fui praxado ainda sem ter a matrícula feita, o que supostamente não se pode e não foi só isto. Uma rapariga queria praxar-me, o que também não pode (apenas do mesmo sexo é que se pode praxar) e mesmo que pudesse, ela estava de óculos de sol e com a capa mal colocada... Entretanto recusei as ordens dela e passado um pouco, apareceram mais uns quantos que já me praxaram a sério! Apesar de naquela altura ainda não estar matriculado, aceitei pois se voltasse a recusar seria bem pior depois de me matricular...! E pronto, tive de me por de "4", fazer declarações de amor a uma doutora, andar a correr e a gritar "ri-me f***-me", etc!