Cantar o Blues
A quarta edição do festival internacional de blues, uma produção do Teatro Académico de Gil Vicente, arranca dia 16 e prolonga-se até sexta-feira, dia 18. Além da apresentação do programação, os organizadores não esconderam as dificuldades, sobretudo de ordem financeira, em levar a iniciativa em frente.
Na conferência de apresentação do 4º Festival de Internacional de Blues em Coimbra, o assessor artístico e vocalista dos “Wray Gunn”, Paulo Furtado, afirmou que “tive uma preocupação adicional em trazer nomes sonantes da segunda geração de blues, situada na década de 50/60 e que está a desaparecer”.
Assim, no primeiro dia do festival sobe ao palco Little Freddie King, um dos grandes últimos grandes nomes do country eléctrico, que já partilhou o palco com Bo Diddley e John Lee Hooker. Já sexta-feira, a noite é dedicada aos sons mais clássicos e tradicionais dos blues, onde Adolphus Bell e George Higgs são os anfitriões. Para Paulo Furtado, estes três nomes são "monstros sagrados da música norte-americana, dos poucos elos de ligação com o blues original”.
No sabádo, e como já vem sendo hábito na iniciativa, dá-se destaque aos blues contemporâneos. Desta forma, Kenny Brown e Heavy Trash encerram o festival. Kenny Brown foi o braço direito, nos últimos 25 anos, do recentemente falecido R.L. Burnside. Já Heavy Trash, integra Jon Spencer e Matt Verta-Ray, dois dos nomes mais importantes do rock contemporâneo.
Para além dos espectáculos musicais o festival conta também com uma mostra de filmes temáticos, como por exemplo “The Blues – a musical journey”, um conjunto de sete filmes produzidos por Martin Scorsese e uma exposição de fotografia das edições anteriores do festival.
Festival sem apoio da autarquia
Com um orçamento de 30 mil euros e em que quase todo o montante das verbas veio da Delegação Regional da Cultura do Centro, o director do Teatro Académico de Gil Vicente (TAGV), Manuel Portela, não pode deixar de lamentar “que tal como no ano passado, também este ano o festival esteve em risco”. Manuel Portela explicou que “esta incerteza levou a que a produção ficasse comprometida nas suas decisões”. E desabafou: “quem nos dera que houvesse mais entidades, noemadamente a autarquia”.
Para o Delegado de Cultura da Região do Centro, Pedro Pita “o festival internacional de blues é uma das iniciativas mais importantes do TAGV, contribuindo para singularizar este espaço é uma entidade de programação e não de gestão”. Dessa forma, o responsável garantiu “que não será pela falta de apoio desta entidade que o festival irá desaparecer”.
Segundo Manuel Portela, o protocolo entre a Câmara Municipal de Coimbra e o TAGV ainda não foi assinado, visto que a autarquia quer cortar as verbas atribuídas em cerca de 50 por cento, ou seja, passar dos 60 mil euros para os 30 mil. Em atraso estão ainda por liquidar dívidas relativas ao Festival bienal Zeca Afonso e à segunda prestação do protocolo vigente em 2005, num total de 85 mil euros.
Fonte: acabra.net
Não está na lista de música que costumo ouvir, mas fica aqui o aviso para quem gosta.