«É uma declaração do senhor ministro da Economia do mesmo timbre de outras que tem proferido e no estilo a que, infelizmente, já nos habituou». Fernando Seabra Santos, reitor da Universidade de Coimbra (UC), reage, assim, aos argumentos utilizados pelo ministro Manuel Pinho, quando, há uma semana, anunciou a transferência da Direcção Regional de Economia (DRE) do Centro para Aveiro.
Como motivos para a saída da DRE de Coimbra para Aveiro, o ministro apontou o facto desta cidade ser a mais adequada, pela «actividade empresarial muito forte a todos os níveis» e pela «capacidade de ligar o saber às necessidades das empresas».
Ao Diário de Coimbra, o reitor – que não quis fazer mais comentários ao assunto –, disse, no entanto, que «a UC tem ligações a muitas empresas», que «não deixará de o fazer» e que «continuará a ter muito boas relações com a DRE».
Por sua vez, João Gabriel Silva, que preside aos conselhos Directivo e Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), considera «curioso que se diga isso, na cidade que tem a incubadora de empresas mais bem sucedida do país (referência ao Instituto Pedro Nunes), cuja segunda fase está em vias de ser inaugurada, e que é visitada por estrangeiros que vêm cá a Portugal saber qual é o segredo de funcionar tão bem».
E dá como exemplos de sucesso, de empresas criadas a partir da UC, a reconhecida Critical Software e a ISA (empresa de software de instrumentação também fortemente implantada na Europa).
Ideia que “vem do tempo do Salazar”
O professor catedrático de Engenharia Informática considera que «a UC deve fazer mais», o que, diz, «também se aplica às outras», mas entende se está perante «mais um cliché, de quem não analisa as coisas com profundidade suficiente».
Para João Gabriel Silva, «a ideia de que Coimbra não é destino para investimento, que a tem perseguido, na maior parte dos casos, sem justificação, vem do tempo do Salazar».
«Muitos membros deste Governo e dos anteriores interiorizaram a ideia de que em Coimbra só há universidade e não há mais nada», constata o professor, dizendo que «não é verdade que em Coimbra o saber não seja aplicado à prática».
Para o responsável da FCTUC, «Aveiro tem feito bom trabalho em muitas áreas, como Coimbra», mas «isto não se trata de uma corrida».
Relativamente ao encerramento de empresas no distrito de Coimbra, designadamente no sector têxtil, Gabriel Silva diz que «fecharam aqui, mas [que] fecharam em todo o lado».
Também José Reis, professor da Faculdade de Economia da UC, entende que «a questão não se deve colocar em termos de Coimbra “versus” Aveiro».
E reitera que o argumento de Manuel Pinho «não é válido, porque Coimbra tem dos melhores exemplos de articulação entre universidade e indústria» – mais uma vez a referência ao IPN e às empresas bem sucedidas que ali estiveram em fase de gestação.
Pois todos desvalorizam, mas o que é certo é que se achou por bem fazer a transferência da DRE.. É em Aveiro que está a PT Inovação e muitas mais empresas/fábricas de peso.. e para mim Coimbra infelizmente cada vez mais é vista como a cidade para acabar o curso.. e fugir.
http://www.diariocoimbra.pt/16811.htm



